por Gustavo Gollo
Meses atrás, vimos os EUA insistentemente empurrando a Rússia para o conflito com a Ucrânia. A estratégia consistiu em ameaçar fechar o cerco em torno da Rússia encravando bases militares repletas de mísseis nucleares nas fronteiras da Ucrânia. Enquanto tornavam a ameaça cada vez mais real, os EUA iam plantando notícias antecipando a invasão. Assim, enquanto narrava a invasão iminente, os EUA compeliam a Rússia à guerra para evitar o estrangulamento pela OTAN. Desse modo, os EUA foram regendo os acontecimentos, como um maestro, até a anunciada invasão — indesejada fundamentalmente pelos participantes diretos do conflito: Rússia e Ucrânia.
Compelida a optar entre o estrangulamento e a guerra, a Rússia surpreendeu o mundo pela rapidez com que invadiu a Ucrânia, não pela invasão. Após perplexidade inicial e certa indecisão ante a inesperada eficiência russa, os EUA se aferraram ao plano de fomentar a continuidade da guerra, alimentando forças militares ucranianas proscritas com armas poderosíssimas, enquanto viam as sanções econômicas aplicadas a Rússia saírem pela culatra, balançando o dólar e tornando iminente o grande crash e consequente esboroamento do império estadunidense.
Ante a ruína final do império e implantação de nova ordem mundial multipolar, os estadunidenses agora se desesperaram e apelam para sua saída tradicional: o porrete.
Guerra nuclear
Nos últimos dias, temos visto uma repetição da estratégia que compeliu a Rússia à invasão. Os regentes do drama anunciam agora que a Rússia elevará o confronto com a Ucrânia, e as guerras no mundo, a um novo patamar — o da guerra nuclear — compelindo novamente o antagonista a uma ação tão radical quanto indesejada. Lembremos que Russos e Ucranianos são povos irmãos, pertencentes à antiga União soviética.
Tendo enviado armas poderosíssimas capazes de frear o avanço da Rússia e infligir seriíssimos danos a suas tropas, os EUA compelem os russos ao uso de armas nucleares, em alternativa à derrota frente ao poderio militar inesperado agora lautamente alimentado pelos EUA.
Enquanto vão plantando o anúncio de que os russos usarão armas nucleares contra seus irmãos ucranianos, os regentes da trama macabra induzem a Rússia à ação radical sumamente antipática, elevando o patamar da guerra no planeta e consolidando Putin como grande vilão. Tendo fabricado um Vietnã para a Rússia, os EUA maquinam-lhes agora sua Hiroshima.
A narrativa
Li hoje no g1, um dos porta-vozes do império, que
O chefe da CIA, William Burns, declarou nesta quinta-feira (14) que a ameaça representada pelo “uso potencial de armas nucleares táticas" ou de "baixa potência" pelo presidente russo, Putin, em caso de desespero diante dos fracassos de seu exército, deveria ser levada a sério.
Enfatizando que “todos os países deveriam estar preocupados" com a ameaça nuclear.
Ante a dramaticidade do alerta, o abutre nos tranquiliza e exorta:
"Não fiquemos preocupados, estejamos preparados", acrescentou o presidente ucraniano. "Mas esta não é uma questão da Ucrânia", diz respeito “ao mundo inteiro", insistiu.
A narrativa da trama sucede o comentário tranquilizador:
“Eles precisam desesperadamente conquistar vitórias militares para transformá-las em alavancagem política". (…) "As armas químicas não mudariam a guerra. Uma arma nuclear tática, que destruísse uma cidade ucraniana, sim (...) seria o colapso de 70 anos da teoria da dissuasão nuclear",
acrescenta um analista britânico.
Sob a batuta de outro analista, o enredo da trama prossegue no g1:
"O custo político seria monstruoso. Ele (Putin) perderia o pouco apoio que lhe resta. Os indianos recuariam, os chineses também".
Lenha na fogueira
A pressão para o uso de armamento atômico por parte dos russos vai sendo intensificada com a ameaça de entrada na OTAN de Finlândia e Suécia.
Tudo indica, agora, que os falcões estadunidenses — ou abutres —, aumentarão as provocações até forçar a Rússia ao uso de uma bomba nuclear.
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