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CENSO Brasil 2022

                                  por Gustavo Gollo


O CENSO Brasil 2020 foi realizado em 2022, teve seus resultados apresentados em 2023 (1,2)  e ‘conciliados’ em 2023 (3).


Em junho de 2023 o IBGE anunciou que a população brasileira em julho de 2022 era de 203.080.756 habitantes (1). No ano seguinte, esse valor foi corrigido para 202.952.784, mas ‘conciliado’ para 210.862.983 (3). O estranho ‘concílio’ consiste em um acordo sobre o

número da população brasileira, de modo que oficialmente, segundo o IBGE, temos uma população censitária e outra conciliada, ou seja, uma contada e outra admitida por acordo. O concílio parece ter adequado os dados às estimativas da ONU, entre outras, de modo que o eufemismo acaba sendo bastante esclarecedor. Informações sobre o concílio aparecem como que camufladas, difíceis de encontrar, na internet, mas estão lá (3).


A balbúrdia resultante gera margem para todo tipo de dúvidas e incertezas. Inexistindo uma informação oficial sobre a margem de erro dos resultados, e dada a barafunda que

envolve a consecução desse imbróglio, suponho haver um erro de mais, ou menos, 20% sobre o valor contado, admitindo, portanto, algo entre 162.362.227 e 243.555.341 habitantes no país. Tentei fazer uma estimativa conservadora do erro, dadas as circunstâncias em torno da contagem, de modo que estimei o erro em + ou - 40.590.557 habitantes.


Existe forte interesse político em se ‘conciliar’ valores exagerados para a população de cada estado e município, condição que proporciona a cada um deles mais verbas e cargos eletivos (4). Esse interesse se coaduna com o da população que não informa a morte de idosos para não parar de receber suas aposentadorias indefinidamente. Tais desejos somam-se aos dos alarmistas, ávidos por alardear uma suposta explosão populacional já controlada há várias décadas. Tais interesses me levam a supor que a população brasileira esteja próxima do valor inferior da estimativa acima, em torno dos 162 milhões de habitantes. Se assim for, já devemos ter atingido nosso valor populacional máximo, e iniciado o colapso populacional que, tudo indica, se avizinha. A conclusão é a mesma se admitimos o valor ultraconservador ‘conciliado’, próximo dos 210 milhões de habitantes, variando apenas na taxa em que o colapso populacional se dará.


Embora não expresso pelo IBGE, o resultado original do CENSO 2022, sem o tal ‘concílio’, enseja as seguintes conclusões, publicadas em 2023 (5).


“O CENSO 2022 encontrou um número de brasileiros bem menor que o esperado com base nas estimativas oficiais das Nações Unidas. A contagem oficial revelou a existência de 203.062.512 brasileiros no primeiro de agosto de 2022, valor significativamente menor que os 215.313.498 estimados pelas nações unidas. Mais significativa ainda que a diferença de mais de 12 milhões no total de pessoas, foi a divergência entre o valor do crescimento populacional estimado e o encontrado. A contagem do IBGE mostrou o crescimento populacional de 0,45% ao ano durante a década passada, a metade da estimativa alarmista da ONU de 0,90%. A análise dos números, no entanto, revela uma enorme surpresa: a população brasileira já se encontra em declínio, ou seja, há menos pessoas habitando o Brasil que no ano anterior! De tão surpreendente, a constatação parece inacreditável, mas pode ser deduzida com o auxílio da seguinte regressão:
                 Ano      Crescimento Populacional
                 2011              1,0%
                 2012              0.9%
                 2013              0.8%
                 2014              0,7%
                 2015              0,6%
                 2016              0,5%
                 2017              0,4%
                 2018              0,3%
                 2019              0,2%
                 2020              0,1%
                 2021              0,0%
                 2022             -0,1%
A regressão acima parte da estimativa de 1,0% de crescimento populacional em 2011 para chegar à média de 0,45% no período até 2022, valores dados pelos CENSOs 2010 e 2022. A dedução expõe o caráter delirante da estimativa atual de mais de 215 milhões de habitantes no país, mantida pela ONU apesar dos resultados da contagem. O resultado se deve à baixíssima fertilidade das brasileiras (...). A disparidade estrondosa entre os números e as expectativas nos faz pensar no que teria levado a erro tão gritante (provavelmente o equívoco é recorrente e vem sendo repetido há décadas).
Os números indicam que a população brasileira, tendo já transposto o seu máximo, continuará se reduzindo cada vez mais acentuadamente, retornando, ainda nessa década, a valor abaixo dos 200 milhões de habitantes para mergulhar, em seguida, em um drástico declínio. A tendência de declínio populacional deve se acentuar com o tempo”(5).

Existe consenso de que a taxa de fecundidade das brasileiras está bem abaixo do valor de reposição da população que é de 2,1. Estimativas ultraconservadoras, baseadas em valores ainda maiores que os ‘conciliados’ estimam a fecundidade atual das brasileiras em 1,57 filhos (6) por mulher, valor já quase alarmante. Os dados do CENSO, analisados na tabela acima, no entanto, indicam que a estimativa estarrecedora, abaixo de 1,2 filhos por mulher brasileira, como a das chilenas, não pode ser descartada. Também existe consenso de que essa taxa vem se reduzindo drasticamente, embora as incertezas censitárias gerem fortes discrepâncias sobre os valores de tal redução. Paradoxal, ou sarcasticamente, a ONU estima que a fecundidade da brasileira ainda se reduzirá um pouco, recuperando-se, milagrosamente, em seguida ‒ contra todos os prognósticos sensatos que apontam para a continuação da queda vertiginosa que a fecundidade vem sofrendo no Brasil ‒ recuperando o patamar entre 1,57 e 1,58 (7,8). A ONU não explica o que poderia causar tal milagre, buscado com enorme esforço, mas em vão, por países como Japão, Coreia, China, Itália, Portugal, Espanha e outros. Meu palpite ‒ naturalmente enevoado em vista das incertezas dos dados censitários ‒, é que a fecundidade das brasileiras continuará desmoronando cada vez mais drasticamente, até assumir valores que surpreenderão as coreanas. Parecerá inacreditável, mas, a se acreditar nos CENSOs de 2010 e 2022, desconsiderando-se o estranho valor ‘conciliado’, a fecundidade das brasileiras já rivaliza com a das coreanas.


Veja também:


Estimativa do Worldometer: População Brazil ‒ 212,686,064 (212,812,405 ?) (9).


Estimativa da CIA: População Brazil ‒ 220,051,512 (2024 est.) (10).


O caso do Chile


A demografia chilena deve estar bem próxima da brasileira, mas parece estar muito mais bem documentada.


Em 2023, a taxa de fecundidade das mulheres no Chile caiu a 1,16 (11), abaixo da desoladora taxa do Japão, de 1,20. A grande diferença entre ambas é que fecundidade no Japão vem caindo suavemente há muitas décadas, enquanto a do Chile despencou nas últimas, prognosticando uma tragédia espantosa. A baixíssima taxa de fecundidade no Chile está sendo amenizada pelas altas taxas das estrangeiras residentes no país. A fecundidade das mulheres chilenas é inferior a 1,00, o que corresponde a menos de metade da taxa de

reposição, ou seja: cada geração tem menos que metade da população da geração anterior. Por certo tempo, esse fato impedirá que a catástrofe se manifeste. Quando, no entanto, o número de estrangeiros superar amplamente a, então, envelhecida população chilena, o país conhecerá o monstruoso fenômeno da xenofobia reversa, e não terá meios de combatê-lo.


Estranhamente, no entanto, os chilenos parecem não ter ainda despertado para a tragédia que se lhes assoma. Como pode ser percebido no seguinte comentário:

“Martina Yopo, professora do Instituto de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Chile, comentou que esses números refletem uma "maior autonomia reprodutiva, possibilitada por uma maior prevalência no uso de métodos anticoncepcionais".

A acadêmica explicou que "hoje as mulheres têm mais liberdade e capacidade para decidir se querem engravidar e ser ou não mães” (12). Como tantas outras análises da catástrofe, suas causas são apresentadas sob colorido bastante desejável.


Tudo indica que, assim como os chilenos, nós, brasileiros, só perceberemos o tamanho do monstro quando ele nos estiver esmagando. Note que, sem a estranha conciliação, o resultado do CENSO Brasil 2022 sugere que a fecundidade das brasileiras seja consideravelmente menor que a das chilenas, já estando entre as menores do mundo.


A tabela ao lado lista os países com as menores taxas de fecundidade em todo o planeta.


Comentário Adicional


Noticia-se com grande satisfação a queda estrondosa da fecundidade das jovens entre 15 e 19 anos, supondo-se causada por um retardo na idade com que as mulheres têm filhos. O desmoronamento estrondoso na taxa de fecundidade, ano após ano, no entanto, sugere que o aparente retardo na idade de concepção decorra precipuamente da redução da fecundidade das mulheres mais novas. Ou seja, o a parente retardo na idade de concepção se deve ao fato de que as mulheres nascidas anteriormente têm mais filhos que as nascidas agora. Desse modo, o que a notícia aparentemente alvissareira faz é ocultar o tamanho da catástrofe iminente.


Notas













 
 
 

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