Ao longo do séc. XX, a pontuação obtida em testes de QI aumentou a uma taxa consistente de aproximadamente 0,3% ao ano, generalizadamente, em todo o mundo. Esse aumento foi impropriamente denominado “efeito Flynn”, em referência a um dos estudiosos que abordou a questão.
Embora a constatação tenha sido universal e incontroversa, parte de suas causas permanecem sob questionamento, havendo consenso de que melhorias na alimentação e escolaridade tenham contribuído significativamente para o ganho.
Lamentavelmente, no entanto, desde os últimos anos do séc. XX tem-se percebido uma inversão do fenômeno.
Michel Desmurget tem boas razões para asseverar que o declínio na inteligência das novas gerações se deve ao uso excessivo de telas por eles, desde tenra idade (ressaltando a de TV como a pior delas). Seus argumentos, resumidos na boa entrevista encontrada aqui, me pareceram bem convincentes. Recomendo a leitura, aqui.
Apesar da força de seus argumentos, a mim parece, obviamente, prematuro concluir que seja o excesso de exposição a telas o único causador do lamentável fenômeno de redução da inteligência dos mais jovens. Vivendo em um mundo regido pela ânsia absurda de lucros, não surpreenderia que algum fator contaminante esteja contribuindo para o infortúnio.
Não tenho ideia de que fatores contaminantes podem estar contribuindo para o emburrecimento das novas gerações, mas me parece inadmissível que tal possibilidade seja descartada.
Sabe-se, por exemplo, que a inalação de chumbo pode causar redução na inteligência, tendo havido consequências decorrentes de poluição originada pela queima de gasolina aditivada com o metal. A constatação ocasionou a proibição de aditivos à base de chumbo, décadas atrás.
Também se sabe que a contaminação crescente de plásticos vem ocasionando infertilidade alarmante nas populações do mundo inteiro, revelando o enorme poder de uma contaminação aparentemente inócua.
Novos pesticidas têm sido abusivamente jogados no ambiente, com foco principal sobre os alimentos, especialmente desde que o flagelo CRISPR banalizou a produção de organismos geneticamente modificados. Não seria surpresa se tivessem um forte papel no processo de emburrecimento humano. Contaminação alimentar em geral e aplicação de vacinas também merecem atenção. Absurdo descartar intempestivamente qualquer possibilidade para tão triste ocorrência.
Longe de estabelecer uma solução definitiva para o caso, o consenso prematuro na atribuição de exclusividade da causa do emburrecimento sobre as telas, excluindo possível contaminação química, sugere uma infame tentativa de ocultação da origem da desgraça.
A estatura está seguindo padrão similar ao da inteligência:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59168423