Um ano atrás, sob dada interpretação, sucessivas provocações estadunidenses acabaram impelindo a Rússia a invadir a Ucrânia para impedir a implantação de bases nucleares que fechariam o cerco sobre as fronteiras de Rússia e China.
Tais provocações teriam sido idealizadas pelos poderosos dos EUA, pessoas que sempre mandaram em todos e sempre foram obedecidas, mimadas que foram, desde crianças. Contrariamente a análises de especialistas do Pentágono, as provocações se avolumaram até que a Rússia invadiu a Ucrânia. A resposta a isso teria desvelado a artimanha dos poderosos: estrangular as finanças russas isolando economicamente o país por completo, impedindo que os russos recebessem pagamentos por suas exportações. O tiro saiu pela culatra quando os russos se retiraram do sistema financeiro internacional exigindo pagamentos em sua própria moeda. Esse resultado deveria ter posto fim à guerra que teria sido vencida rapidamente pelos russos.
Os alemães, entre os principais pivôs do conflito, já se haviam convencido da necessidade de reconhecer a derrota e por um fim à guerra, dados os aumentos estrondosos dos custos de energia que inviabilizam suas indústrias. Enquanto as exportações de carros chineses, por exemplo, têm crescido estrondosamente, as exportações alemãs de veículos estão degringolando. Os alemães sabem que não recuperarão o mercado perdido. As cifras são gigantescas e a indústria automobilística alemã ─ que ostentava o posto de segunda maior exportadora mundial, até o início do ano ─, corre agora o risco de se tornar inviável. Europeus, em geral, estão pagando pelos altos custos energéticos decorrentes da interrupção do envio de gás russo, à espera de um inverno frio. A constatação já tinha levado os europeus a pressionar pelo fim da guerra, quando uma sabotagem destruiu os 2 gasodutos que levavam gás da Rússia para Alemanha.
A execução da promessa do presidente estadunidense de melar o gasoduto, eliminou a principal motivação da Europa em acabar com a guerra; o transporte de gás oriundo da Rússia não será restaurado.
O impasse
A destruição do gasoduto não deixou alternativa aos russos que não o acirramento da guerra e a destruição da infraestrutura energética ucraniana, inviabilizando a sobrevivência dos ucranianos nas cidades durante o inverno. A ameaça é seriíssima em um país onde o frio é letal e a expectativa de encará-lo sem aquecimento é desesperadora. Os ucranianos sabem que não conseguirão resistir ─ os que permanecerem no país morrerão às pencas ─, mas enquanto a OTAN continuar fornecendo armas e suprimentos, a guerra se arrastará. Estadunidenses estão se lixando para os ucranianos que se veem agora aprisionados em uma arapuca.
O contragolpe da OTAN veio na forma de ataques anônimos. Além dos gasodutos, uma ponte foi explodida e navios russos foram atacados por drones ─ atos sem autoria reconhecida que, ao que parece, continuarão a se suceder.
Muitos acreditam que a interpretação acima seja deturpada, atribuindo a responsabilidade inicial dos acontecimentos ao belicismo russo. Qualquer que seja a interpretação, no entanto, deve-se concluir que a sucessão de ataques acabará por suscitar revide russo.
Estamos na iminência de uma guerra mundial.
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