Não-linearidades contemporâneas
Doces receitas para induzir mulheres
a tirar a calcinha

Poemas de uma coleção
Um poema derramado docemente
para enaltecer a musa
Quando você caminha descalça,
A onda branca se quebra na praia,
E as estrelas brilham no céu para emoldurar seu corpo;
Seus cabelos balançam com a brisa,
E seu sorriso ilumina a areia,
Enquanto os coqueiros que ondulam com o vento,
Assim como o mar e as estrelas,
Compõem sua moldura.
E os meus versos se repetem como mantras,
Pobres, mas instilados de doçura
Para revelar tudo o que importa no mundo:
Praia, vento, onda, coqueiros,
Céu luminoso repleto de estrelas,
Tudo no universo existe apenas para te emoldurar.
Dois pedidos singelos, e um terceiro
completamente insano
Súplica para uma musa
Vem ninfa, de pés no chão e cabelos ao vento,
Ondula seu corpo e enlouquece os poetas ao redor,
Alucina-nos com seu canto de sereia,
Enfeitiça nossos olhos, incendeia nossas mentes,
Pois é assim, musa,
Quando nos desorienta e ensandece,
Que nos transforma em poetas.
Um rogo comedido
Mas, se me enlouquece, me envolvendo assim em sua magia,
Se me encanta e me cega para tudo o que não seja o seu rosto,
Permite então, minha musa, que o meu olhar se esvaia extasiado ao te mirar,
E que o meu canto te envolva suavemente como um beijo.
O pedido insano
Oh musa que me enfeitiça, que me enlouquece com o movimento mais sutil,
Que me alucina com um sorriso apenas sugerido por um olhar,
Que me seca a boca e descompassa o peito, turbando o meu ritmo, minha paz, minha sanidade;
Vem, aproxima o seu rosto, para eu ver seus olhos, mirar seus lábios, tocar seu corpo, e num rompante
apaixonado mergulhar em sua boca imergindo tão profundamente que a dissolução total me aniquile ou que
o ar que você me rouba inunde novamente o meu peito trazendo-me de volta alguma gota de lucidez.
Poema para sussurros
à meia luz
Deixa eu sussurrar uns versos ao seu ouvido,
Vagarosamente, entre suspiros,
Ao ritmo dos amores.
Enquanto minha boca murmura,
Minhas mãos gritam
Buscando o seu corpo com avidez,
Tentando sentir seu calor, sorver sua pele,
Num clamor mudo, frenético e eloquente.
Quero mergulhar em seus olhos,
Em sua boca, {suspiro}...
Minhas mãos puxam o seu corpo para perto de mim,
(Sou inteiro um brado silencioso;)
Oh ânsia absurda, oh desejo alucinado,
De estar em você, grudar, inserir, penetrar,
Até deixar de ser eu mesmo,
Abandonar a existência,
Me transformando em parte sua,
Como a perna que eu beijo,
Como o corpo que eu acaricio.
Vem, me engole, me suga, me engloba.
Meus dentes mordem sua nuca,
Minhas mãos vorazes sorvem seus seios,
Meus braços sôfregos envolvem seu corpo em glutoneria irrefreada.
Quero penetrá-la como em um labirinto,
Intrépido, confiante, mas sobretudo ávido,
Convicto de me perder para sempre,
De nunca mais conseguir voltar,
De me desorientar completamente,
De enlouquecer em seus braços,
Entre suas pernas,
De me perder em seu corpo.
Sente o meu queixo arranhar seu pescoço,
Minhas coxas comprimindo as suas, e o meu abraço apertado,
Ouve o meu urro, seguido das carícias suaves e ternas sob o ritmo forte de
meu coração se alinhando ao seu.
Cantos para uma musa
(variações em torno de um tema)
Basta eu relembrar a sua imagem,
Para sua magia de musa
Me enlouquecer e transformar em poeta sedento,
Ávido, sôfrego, mendigando um olhar.
Ao te ver à distância,
Seu corpo ondulando enquanto caminha,
Minha imobilidade se torna suplício;
Queria me aproximar, tocar, falar,
Até que minhas palavras ganhassem braços
E saíssem de minha boca em forma de beijos,
Pois o feitiço que me transforma em poeta,
Também me inflama o desejo
E me rouba a razão.
Alumbrado, eu repito os versos que te faço,
seguidamente, como mantras,
Ou como beijos apaixonados que também sempre se sucedem.
Se eu me embrenhasse em seus cabelos,
Adentraria esse labirinto até me perder por completo,
Até não haver mais volta;
Penetraria em você até me diluir completamente,
Transformando-nos em um único corpo incandescente.
Convite à loucura
Não pedirei um beijo de sua boca que eu tanto desejo,
Nem suplicarei um abraço (oh, como sou insano!)
Também não clamarei pelas doces carícias que sucedem abraços e beijos,
Mas quererei seus olhos.
Quero mergulhar em seus olhos alucinadamente,
Hipnoticamente,
Adentrar sua alma,
Dissolvermo-nos em um só, loucamente.
Seja o mar em que eu mergulho,
As águas em que imerjo,
Minha loucura, minha paz.
Seja a minha Deusa,
O meu mundo,
Seja tudo o que existe.
Um cântico desesperançado
Não pronunciei os poemas para sussurros a meia luz,
Teriam permanecido inauditos,
Inertes, torpes como passarinhos em um gráfico,
Expostos em uma folha de papel, sem movimento,
Sem vida e sem graça como folhas secas jogadas ao sabor do vento,
Nem vi a luz de teus olhos enquanto lia os versos que te fiz.
Eu te olhava à distância, lendo os poemas que nunca te narrei,
E sonhava com um beijo;
Quantas vezes sonhei com um beijo teu.
Não o disse com palavras de minha boca,
Nem com as que escrevi em papel,
Mas sonhava com o beijo enquanto me derramava por ele ao te escrever.
Tua imagem me transporta a um delírio doce,
Suave, intangível,
Distante como uma canção se desvanecendo ao longe,
Cada vez mais longe.
Os versos murchos e tristes que hoje te escrevo,
Vazios, desesperançados,
São acenos de adeus
Que te faço ao tentar libertar minha alma.
Segue com eles um beijo apaixonado.
* * *
As doces receitas para induzir mulheres
a tirar a calcinha
(sonetos)
Uma jura de amor eterno muito
mais descarada que as usuais
Quando encontrei você, doce Sabrina,
Eu sorri desejando uma acolhida;
Você sorriu pra mim logo em seguida
De uma maneira bela, até divina.
E ali mesmo eu pensei que a nossa sina,
Que a meta, o sentido enfim da vida,
Era estar com você, minha querida;
E essa idéia me veio cristalina.
Depois nós caminhamos pela praia
Como se caminhássemos em nuvem,
Pois parecia um sonho para mim.
Creio que essa visão nunca se esvaia,
Será como as estrelas que reluzem
Por toda a eternidade, foi assim.
Só de te olhar, belíssima Araceli,
Gigantesco desejo se me apossa,
Todo o meu corpo, a mente se alvoroça
Se contemplo o seu rosto, sua pele.
É necessário agora que eu revele
Minha imensa paixão, (queria nossa),
Pra que em futuro muito breve eu possa
Me aproximar o quanto o ardor me impele.
Vamos aproveitar esse verão
Pra caminhar de mãos dadas na praia
Sentindo a alegre brisa matinal?
E então à noite, com sofreguidão
Te rasgar toda a roupa, a blusa, a saia
E emaranharmos corpos afinal.
No primeiro olhar, logo que te vi,
Eu te imaginei toda peladinha;
Quis logo te ter nua, te quis minha
Num devaneio onírico, Regy.
Mirei-te e com os olhos, te despi,
E, claro, tentei não perder a linha
Ao te ver parecendo uma rainha,
Mas não me foi possível: sucumbi.
Tinha ficado louco, alucinado
Pelos teus olhos, rosto; pela boca,
Pelo teu corpo, pelo teu olhar.
Tinha não, continuo enfeitiçado,
Imerso em desvario, em paixão louca,
Regy, eu quero tanto te agarrar!
Poema para uma bela
Daniela, Daniela,
Como pode ser tão bela?
Você pode ser bonita,
Mas assim você exagera!
Assim não é possível!
Assim você sufoca um poeta! Tira-lhe o fôlego! Conturba-lhe a mente!
Definha-lhe o corpo! Aniquila-lhe a alma!
Daniela, assim você o mata!
À bela que me pede uns versos
Tenho que te confessar, minha bela,
Que meus versos ficarão vazios,
Se não brotarem ao menos de um olhar teu.
Lance-me um breve aceno,
Um estímulo qualquer,
E eu te cantarei em um poema.
Se me der um beijo, no entanto,
Minhas palavras emanarão coloridas
Louvando tua beleza, implorando novo alento.
{Suspirando}
Mas, menina, abre os teus braços e me puxa para ti,
E entre ruídos selvagens e gemidos doces,
Com meu corpo escreverei no teu o mais flamejante poema.